Moradores do Residencial Natureza lutam há anos pela despoluição do rio
São Luís – A campanha Salve o Rio da Ribeira foi lançada nesta segunda, 30 de outubro, nas redes sociais da Rede Emaranhadas e entidades parceiras: CIMI Maranhão, Justiça nos Trilhos, Coletivo Reocupa, Tapajós de Fato e Coletivo Mulheres Negras da Periferia.
Iniciativa da Rede Emaranhadas, organização comprometida em fortalecer e promover processos de resistência liderados por mulheres nos territórios da região metropolitana de São Luís, em parceria com a Associação de moradores do Residencial Natureza, a campanha tem o objetivo de mobilizar e articular a sociedade civil e órgãos públicos responsáveis para adotar providências urgentes de combate à grave poluição do Rio da Ribeira, que atravessa o Residencial Natureza, comunidade localizada na zona rural de São Luís.
“A possibilidade da morte de um rio é devastadora. Por muitos anos o Rio da Ribeira era fonte de sustento para a comunidade, espaço de lazer, fonte de água potável. Hoje em dia ele é fonte de dejetos, animais mortos, fortes odores que causam mal-estar e muita tristeza para quem vê essa degradação. Precisamos unir forças para mudar essa realidade e salvar o rio.”, explicou Karoline Ramos, advogada e coordenadora Geral da Rede Emaranhadas.
O Residencial Natureza fica localizado em uma área onde foram instaladas diversas empresas, de diferentes ramos de atuação. A poluição do rio é atribuída ao despejo de dejetos industriais que vêm dessas empresas e são descartados de forma irregular, além da poluição atmosférica, que prejudica também a vegetação nativa.
O problema já é de conhecimento do Ministério Público do Maranhão e a Secretaria Estadual de Direitos Humanos (SEDIHPOP) que protocolaram ações e encaminhamentos para que um laudo técnico sobre a poluição e os agentes poluidores sejam identificados e os responsáveis notificados. No entanto, a comunidade segue sem respostas e seu acesso aos laudos.
A Sedihpop, por meio da Comissão Estadual de Prevenção à Violência no Campo e na Cidade (Coecv), após visita técnica à comunidade, concluiu que se trata de conflito socioambiental e emitiu parecer às Secretarias municipal e estadual de Meio Ambiente para que dessem providências ao caso.
Em relatório, informou que “os supostos crimes ambientais de responsabilidade de diversas e desconhecidas empresas instaladas no Distrito Industrial têm ocasionado danos aos direitos humanos e socioambientais da comunidade Residencial Natureza, dentre os quais destacam-se: poluição hídrica, do solo, atmosférica e visual.” A denúncia de crime ambiental está sendo investigada pelo Ministério Público do Estado do Maranhão (MPE-MA).
“A realização da campanha é uma forma de engajar toda a população nessa luta por justiça climática, pela recuperação do Rio da Ribeira e principalmente pelo bem viver das pessoas que têm atividades diretamente ligadas ao rio. É um pedido de socorro!”, afirmou Polyana Amorim, coordenadora de Comunicação da Rede Emaranhadas.
Além da campanha digital nas redes sociais, também serão realizadas ações presenciais. A primeira delas foi realizada neste domingo (29), na comunidade Residencial Natureza para discutir o tema com os moradores e pensar estratégias conjuntas de mobilização popular. Na ocasião foi realizada ainda uma oficina de lambe para colagem de material gráfico da campanha. Desde o começo do semestre, a campanha vem sendo pensada e articulada com as lideranças da comunidade.
A reunião, deste domingo, contou com a presença de 43 moradores do Residencial que se comprometeram em ser multiplicadores da ação, levando-a ao conhecimento de mais pessoas, dentro e fora da comunidade. “Muitas pessoas aqui tiravam seu sustento e sua alimentação do rio. Hoje não podem mais. O que a gente quer é resgatar o rio. Voltar a pescar, cultivar e banhar nele. Ele é parte da nossa comunidade”, disse Hariadna Silva, Presidente da Associação de Moradores do Residencial Natureza.
Acompanhe a Rede Emaranhadas, @e.maranhadas, e participe da campanha “Salve o Rio da Ribeira” compartilhando as postagens com a tag #salveoriodaribeira.
Fotos: Kadu Vassoler