Vivência afetiva em Cajueiro: práticas de bem viver e conexão com as mulheres

“Pisar suavemente na terra” Ailton Krenak

Sentir a terra, afagar a terra, pisar suavemente nela. É assim que percebemos como dona Lucilene, dona Maria, Nailde, Rosilda, Silma e tantas outras mulheres da comunidade Cajueiro se relacionam com esse território que as escolheu, e não somente escolheram como lugar de morada.

A vivência Afetiva realizada no dia 21 de junho, nos possibilitou conhecer um pouco mais como as mulheres do território de Cajueiro cuidam e são cuidadas por esse lugar. A vivência aconteceu às margens da praia que leva o mesmo nome do lugar, sentir o cheiro da maré, do vento que sopra sem pressa sobre as árvores, o sol que reluz é que dá brilho as ondas que beijam a areia quente e vermelha da praia, tudo isso nos faz dizer que Cajueiro é vida!

Na manhã desse dia, fomos acolhidas por dona Nailde, que há alguns anos escolheu viver neste território, e ao passo que foi ficando suas raízes, foi também encontrando nele o sustento da sua família. Após alguns anos, Nailde montou um bar em frente a praia, onde nos revelou que o que a deixa mais contente é poder receber seus familiares, amigos e vizinhos em seu lugarzinho. Com essa mesma alegria, ela nos acolheu e fez questão de estar presente na preparação do nosso almoço.

Durante o encontro, pudemos partilhar afetos, conversas, que foram feitas nas idas e vindas buscando água com dona Maria (Comunidade Andirobal), no banho no mar e também durante o almoço coletivo que as próprias mulheres prepararam. As conversas à mesa revelaram lembranças e histórias de vida, confidências, fortaleceram, criaram laços e despertaram sorrisos sinceros de quem pôde deixar um pouco as demandas de uma vida de lutas e resistência para almoçar e conversar descontraidamente, apreciando a paisagem, os ventos e o mar da praia do Cajueiro.


Silma, filha de seu Joca, uma das Raízes do Cajueiro, partilhou como foi a sua infância a caminho da escola, quando na comunidade ainda não existia a linha de ônibus. Segundo ela, fazer esse caminho até a Vila Maranhão onde ela e seus irmãos estudavam, era uma verdadeira aventura, e para ela o caminho de casa até a escola parecia tão perto quando se ia brincando e jogando conversa fora pelo caminho.


Neste dia, também tivemos o prazer de ver dona Lucilene virar um peixinho naquelas águas e vir nadando ao nosso encontro, onde a aguardávamos para dar início a partilha do almoço.
Sentir o Bem Viver a partir da vivência dessas mulheres é sempre algo digno de muita gratidão, é sem dúvidas desamarrar-se dos processos acelerados da sociedade do consumo e buscar uma convivência mais íntima, ecológica e comunitária.


Ao final da vivência, fomos nos despedindo deste paraíso com um lindo pôr do sol, que seguia vermelho no horizonte, já se preparando para dar lugar à lua. Dessa mesma cor, se apresentava uma revoada de pássaros guarás, que deixou um dia atípico de terça-feira ainda mais marcante e emocionante.

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