Memória afetiva: sobre ervas, receitas e pessoas que nos compõem

As Emaranhadas reuniram-se mais uma vez, lá em Tendal Mirim, Paço do Lumiar, para celebrar o encontro, a vida e as memórias afetivas das receitas de suas mais velhas e delas mesmas, na última quarta-feira, dia 05 de outubro.

Em um dia de atividades conduzido com muita delicadeza pelo Coletivo Etinerâncias, cerca de 20 mulheres estiveram na casa de Dona Ana Lúcia para fazer uma imersão no passado e em suas próprias histórias para resgatar memórias a partir das ervas e das receitas que lhes foram passadas e sobre o significado que essas receitas tinham e têm em suas vidas. 

O objetivo das diversas atividades realizadas nesse dia é a culminância de uma publicação, em forma de livro, definido por elas o formato, onde tais receitas possam ser registradas e salvaguardas para que mais pessoas, especialmente mulheres, possam ter acesso às receitas partilhadas pelas emaranhadas. 

A abertura e acolhida foi conduzida pela equipe Emaranhadas e Rosa Tremembé que entoou cânticos para celebrarmos mais um encontro, nossas vidas, nossa força, nossos territórios, nossas lutas e abrirmos os caminhos para o dia.

“Pisa ligeiro, pisa ligeiro,

 quem não pode com a formiga

 não assanha o formigueiro”

Em seguida, as mulheres foram convidadas a escolher ervas dispostas em uma mandala no centro do espaço e dizer que lembrança aquela erva trazia, bem como falar sobre a primeira erva que elas foram apresentadas na vida, de forma marcante, evidenciando quem apresentou.

Muitas ervas, folhas e frutos foram mencionados. Em comum, os chás substituindo o café, solução que muitas famílias encontravam para alimentar suas crianças em períodos de escassez.

Erva-cidreira, Capim-Limão, Melão de São Caetano, Malícia, Alecrim, Folha de Mangua, Goiaba, Coco Babaçu, Boldo, Louro, Erva Mate e muitos outros.

Dessa primeira imersão, tivemos falas bonitas e marcantes, sobre nossa forte relação com a natureza. Como disse Rosa Tremembé: 

“a natureza dá tudo pra gente(…), a gente é privilegiado pela natureza e não sabe dar valor. A mãe não dá veneno pra nós  e nada na natureza é do nada. Tudo tem função. O que falta é conhecimento sobre isso”.

A partir dessa chuva de ideias sobre as ervas, as mulheres foram divididas em grupo para desenhar receitas afetivas que, de alguma forma, marcaram suas vidas e que elas querem que outras mulheres conheçam e queiram reproduzir.  Mais uma vez, a mãe natureza foi enaltecida, como provedora de alimento e fonte de cura. 

As mulheres, nesse sentido, trouxeram receitas medicinais e alimentícias, às vezes com ambas as funções. Ao fim, foram instigadas a pensar o que elas esperam dessa publicação que sairá com suas receitas, quais resultados elas desejam que o livro de receitas gere. 

E, entre muitas falas, ficou a proposição de que seja um livro que traduza a alegria desse encontro, que seja útil e funcional para quem o acessar, de fácil compreensão e leitura, que estimule o consumo de produtos naturais e que possa conectar as pessoas com suas próprias memórias.

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