Nadir: resistência e dedicação à cultura popular por meio do Boi da Floresta

Como muitas mulheres negras no Maranhão, Nadir Cruz – hoje dirigente de um dos grupos de bumba meu boi mais tradicionais de São Luís – teve que atravessar um caminho cheio de desafios. 

Uma trajetória marcada pelas dificuldades, que depois transformaram-se em propósito, Nadir afirma que foi São João Batista que a guiou para o folguedo, de onde nunca mais saiu.

Ela chega ao Boi da Floresta em 1978, ainda menina, onde encontrou acolhimento e hospitalidade. Recebida pelo Mestre Apolônio, fundador do boi, Nadir aprendeu a fazer todas as tarefas referentes à brincadeira: costurar, dançar, bordar, organizar as penas, além de questões administrativas que foi assimilando com o tempo de vivência no grupo.

O boi da Floresta abriu outras portas nunca antes imaginadas, com apoio do Mestre Apolônio, Nadir também estudou, conseguindo formar-se em Turismo. Um saber que hoje ela também empreende dentro do próprio boi.

Ao conversar com a equipe Emaranhadas, Nadir reforça a importância da cultura popular na formação da cidade e sobre como a cultura popular precisa de mais apoio e atenção das instâncias públicas.

Ela relatou alguns desafios que o boi enfrentou e enfrenta, porque, além das apresentações e gestão do grupo em si, Nadir ainda organiza as ações sociais, pois o grupo ajuda muitas pessoas na comunidade que sedia o boi: o quilombo urbano Liberdade.

Por isso, Nadir considera que a cultura popular é feita com muitos braços, com vários eixos como educação popular, religiosidade, economia e que o bumba boi é uma ferramenta muito forte de incidência na comunidade, com base no trabalho social.

O boi, buscando fortalecer a comunidade, prioriza a prestação de serviços de pessoas da Liberdade na confecção das indumentárias, instrumentos e alimentação, a fim de movimentar a economia no próprio lugar que ocupa. Um exemplo, é o projeto Floresta Criativa, fomentando o aprendizado na comunidade sobre bordados, costuras e ajustes para produção das indumentárias do boi. 

Atualmente, com cerca de 150 brincantes, o Boi da Floresta, do sotaque da baixada, é hoje sua família, de quem ela cuida com toda maternagem e afeto que lhes são próprios.

Em toda sua fala, Nadir reverencia, com orgulho, sua ancestralidade, da história apagada do povo preto, principalmente as mulheres pretas que são inspiração para ela.

Entendendo-se como uma mulher que “vive na cultura”, Nadir também é inspiração, é história viva, acontecendo e movendo a cidade e a comunidade da Liberdade, por meio da cultura popular, das ações sociais que articula e do seu próprio existir.

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