A comunidade do Cajueiro localiza-se na Zona rural II de São Luís, às margens da baía de São Marcos. A região possui grande área de manguezal e palmeiras e tem uma estimativa de população de 1600 habitantes, em média (SANTOS, 2018).
Cajueiro é uma terra tradicional que recebeu a titulação de 610 hectares em 1998. Segundo pesquisa de Silvilene Santos (2018), a comunidade é integrada por sete povoados. A saber: Egito; Central do Cajueiro; Quebradeira; Puleiro; Andirobal, Guarimanduba, Praia do Cajueiro e Parnuaçu.
Ainda segundo a autora, a maioria dos moradores de Cajueiro vêm de municípios do interior do estado, tais como Alcântara, Bequimão, Tutóia, Barreirinhas, Axixá entre outros. Locais que têm forte atividade pesqueira.
Além dessa tradição ancestral com a pesca, o território de Cajueiro oportunizou que a atividade fosse o principal meio de subsistência da comunidade, uma vez que é ladeada por manguezais, igarapés, praias e rios. Prática que se mantém até hoje, com os moradores se organizando para pescar mariscos juntos e que sofre ameaça com a implantação de um porto internacional na área.
Conflitos socioambientais em Cajueiro
Mesmo com o reconhecimento da área emitido pelo Incra, em 2014, uma ação de uma empresa de São Paulo comprou 200 hectares com o objetivo de implantar um Porto São Luís.
Todo o processo foi alvo de investigação por caracterizar-se como ação de grilagem, mas com a anuência do governo do estado, 21 casas foram violentamente removidas em agosto de 2019.
A mobilização dos moradores, bem como de entidades e movimentos sociais, aumentou a visibilidade do conflito, mas a empresa seguiu desapropriando algumas casas e invadindo terrenos, como o de Dona Lucilene.
Dois anos depois do ápice do conflito, a comunidade ainda vive ameaçada, uma vez que a empresa segue com suas operações de construção do porto São Luís. Porém, as raízes firmadas ali, permanecem fecundas, resistindo e lutando para que esse projeto de morte não destrua todas as formas de vida que ali se encontram.
“Eu vou ser feliz mesmo quando eu souber que ( a empresa) não vem mais, que eu souber que eu vou andar livre, sem carros, sem máquinas no meio, sem eu estar me afastando do caminho pro mato pra não ser atropelada, me deparando a todo momento com pessoas estranhas. Aí sim. É por isso que eu continuo até agora resistindo, persistindo, porque é isso que eu quero”.
Lucilene, 62 anos. Fonte: perfil do Instagram @raízesdocajueiro.