Encontro em Tendal Mirim provoca mulheres a refletirem sobre a relação com o território em que vivem
Seguindo com os encontros nas comunidades da região metropolitana de São Luís (RMSL), no dia 08 de janeiro de 2022 foi realizada atividade com as mulheres na Comunidade Rural de Tendal Mirim, em Paço do Lumiar, há 26 km da capital maranhense.
Após a fala de boas vindas, as mulheres foram convidadas a fazer um desenho a partir da metodologia “cartografia de si” onde puderam trazer os elementos do território, que mais as interligam a ele.
A dinâmica aplicada visa possibilitar que as mulheres se reencontrassem – umas com as outras e com elas próprias -, no sentido de se perceber dentro da comunidade, compreendendo o enraizamento dessa relação com a terra, com suas casas, com o coletivo.
Os desenhos buscaram trazer o que fosse mais significativo para elas. Percebemos o forte vínculo com o território (lugar de morada e de ressignificação da vida), reconhecendo o valor que ele possui, e o motivo que as mobilizam a lutar por ele, mesmo sofrendo violências territoriais, seja pelas ameaças dos jagunços, seja pela negligência do poder público.
Como encerramento do evento, tivemos um momento para partilha de desejos para o ano de 2022 e a realização de um varal solidário com doação de roupas, sapatos e acessórios, reforçando a economia feminista e solidária, além de promover um entrelaçamento maior entre essas mulheres.
“O território e o corpo são espaços onde se criam e recriam forças para dar continuidade à luta pela vida todos os dias”
Economia e Trabalho
Tendal Mirim, como mencionado, é uma comunidade rural centenária onde a maioria dos moradores vive da agricultura familiar, com plantio de frutas, legumes, verduras e hortaliças no geral. Outros tentam complementar com atividades pesqueiras.
Empregos formais poucas pessoas têm e é no empreendedorismo familiar que encontram saída para sustento e combate à fome, ao desemprego e à vulnerabilidade social às quais estão expostas.
Conflitos territoriais
A comunidade ainda vive embates pelo reconhecimento do território, pois 76 mil hectares de Tendal Mirim estão sendo reivindicados na justiça para reintegração de posse em função de especulação imobiliária.
Uma liminar que autorizava o despejo dos moradores foi suspensa, mas a comunidade que é centenária segue na insegurança enquanto aguarda a regularização fundiária.