Mais de 200 pessoas passaram pela edição Tendal Mirim da Feira Emaranhadas: Mulheres e suas Resistências na Amazônia Maranhense, realizada no último domingo, 27 de abril, em Mojó, zona rural de Paço do Lumiar. O evento reuniu mulheres agricultoras, artesãs e empreendedoras do território de Tendal Mirim e do próprio Mojó, promovendo a autonomia econômica feminina e celebrando o Dia da Terra com uma programação voltada à sustentabilidade, cuidado coletivo e valorização dos saberes ancestrais.
Ao todo, 10 mulheres participaram como expositoras, apresentando produtos que nascem de quintais produtivos, plantas ornamentais e produtos artesanais que expressam a riqueza da zona rural luminense. Além disso, cinco fornecedores locais contribuíram com a montagem da feira, reforçando o compromisso da iniciativa com a economia circular. Além de atração cultural feminina, fortalecendo o trabalho das mulheres em todas as áreas. Os bares e restaurantes do Porto Mojó também sentiram o impacto positivo do evento, atraindo visitantes que conheceram a região pela primeira vez.
“Foi um domingo diferente para muita gente. A feira trouxe um novo olhar para o Mojó e para as mulheres que vivem e produzem aqui. Muita gente não conhecia esse território tão rico e cheio de vida”, comentou Karoline Ramos, coordenadora geral da feira.





Mulheres da zona rural e os desafios da autonomia econômica
A feira ocorre em um cenário marcado por desigualdades estruturais. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua/IBGE, 2023), as mulheres ainda recebem, em média, apenas 78% do rendimento dos homens no mercado de trabalho formal. Quando se trata de mulheres negras, esse número cai ainda mais: elas ganham, em média, 58% do rendimento dos homens brancos.
Na zona rural, os desafios são ainda maiores. A ausência de renda própria, somada à sobrecarga do trabalho doméstico e de cuidado — geralmente não remunerado — coloca as mulheres em situação de vulnerabilidade. O Relatório sobre a Economia do Cuidado na América Latina e Caribe da CEPAL (2022) destaca que as mulheres dedicam, em média, três vezes mais horas do que os homens a tarefas de cuidado não remunerado, o que limita suas possibilidades de inserção no trabalho remunerado e de autonomia financeira.







É nesse contexto que ações como a Feira Emaranhadas ganham importância estratégica: além de gerar renda direta, fortalecem redes de apoio entre mulheres e promovem a valorização dos territórios e modos de vida sustentáveis.
A realização da feira no Tendal Mirim é parte de um esforço contínuo da Rede Emaranhadas para ampliar espaços de visibilidade, circulação e fortalecimento das resistências femininas na Amazônia Maranhense.
Realizado pela Rede Emaranhadas e Associação de Produtores Hortifrutigranjeiros de Tendal Mirim, a Feira teve apoio do Fundo Casa Socioambiental, Fundo Elas Para Transformar, Fundo Dema, Coletivo Reocupa, Fundação Luterana de Diaconia.
Fotos: Kadu Vassoler