Maria José e o cultivo de uma herança secular: o boi de Maracanã

O bumba meu boi do Maranhão é um folguedo secular, com características próprias. Divide-se em cinco sotaques demarcados pelos instrumentos, indumentárias e personagens do imaginário e encantaria popular que materializam a história ancestral dos escravizados Pai Francisco e Catirina.

Os grupos de bumba meu boi movimentam centenas de pessoas, seja para prestigiar as apresentações, seja para fazer parte da brincadeira, como índios, tapuias, cazumbas, caboclos de pena e fita, miolo de boi e outros personagens. 

Dentre os que mais arrastam público para suas performances está o Bumba Meu Boi de Maracanã, do sotaque de matraca ou sotaque da ilha, por ser oriundo da capital maranhense, São Luís, especialmente da zona rural. O sotaque se caracteriza pelo uso acentuado de instrumentos como pandeirão, tambor onça e matraca. 

O centenário boi de Maracanã tem um fundador e amo que tornou-se nacionalmente conhecido por toda sua história, Humberto de Maracanã. Mesmo com a morte de seu amo e fundador, o boi continua brilhando nos terreiros e arraiais, sendo regido por seus filhos na toada e por uma liderança feminina na direção do folguedo que coordena mais de cem brincantes: Maria José. 

A história de Maria para além do Boi de Maracanã

Maria José tem hoje sua imagem associada e reconhecida como dirigente de um dos grupos de bumba meu boi mais populares de São Luís: o boi de Maracanã. Fã de bumba meu boi desde a adolescência, Maria acompanhava os grupos em suas apresentações por dias a fio.

Moradora de Itapera (comunidade vizinha ao Maracanã), conheceu o boi de Maracanã e seu dirigente e cantador, Humberto, com quem mais tarde se casou.

Chegou ao boi de Maracanã em 1984 e, aos poucos, foi se envolvendo com a brincadeira e assumindo algumas responsabilidades administrativas. Em 2000, ocupou, pela primeira vez, o posto de presidente do grupo.

“eu cheguei e incomodei muita gente (…), mas as pessoas passam a entender quem tu és”

Além da direção do boi, Maria é pedagoga e assistente social, trabalha como gestora em uma escola da comunidade e organiza projetos sociais e culturais dentro e fora da sede do boi do Maracanã.

Tem forte em seu discurso a preocupação e o cuidado com o próximo. Cuidado, inclusive, é uma palavra presente em seu discurso. Cuidado com os filhos, com os brincantes, com as comunidades, Maracanã e Itapera, e com todos que chegam ao barracão.

“Eu sei que fome dói”

Esse cuidado com o próximo é também um projeto de vida.Ela sonha em construir uma instituição, com o nome da mãe, para ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade.

A história de Maria se cruza com a do Boi de Maracanã e vai além, envolve a comunidade e as pessoas que vêem nela uma referência a quem recorrem sempre.

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