Por Madaí González
“Somos espalhadoras de brasas”
“Reagir quando for o tempo certo”
“Para que o encontro? Para escutar-nos. Para que o encontro? Para escutar-nos.” Esse é um dos principais objetivos do Coletiva Emaranhadas que, no primeiro encontro, 29 de maio de 2022, acolheu mais de 15 mulheres guerreiras que estão se organizando e lutando pelos seus territórios, seus corpos e as suas comunidades. As apresentações começaram com o exercício do espelho: olhar-nos e apresentar-nos com o nosso reflexo.
Como a gente se olha no espelho? Como viramos espelhos para as outras? Como é olhar-nos umas às outras em uma escuta afetiva? Durante as apresentações, surgiram as histórias de luta, de onde cada uma vem, as lutas que vêm enfrentando. Às vezes não só contra as empresas, mas também contra os maridos e outros membros de nossas próprias comunidades.
Ouvindo todas as mulheres fortes e corajosas que participaram, aprendi que, às vezes, basta uma voz, uma brasa que acenda tudo, que acenda a chama da rebeldia e a possibilidade de lutar pelos seus. Que a força das mulheres é imbatível, que o seu amor pela terra é a força de sua resistência. Que a luta é cheia de riscos, onde a vida está em jogo. Que a terra sente e sofre. Assim como as mulheres sentem quando veem seus territórios ameaçados.
Encontrar-se, ouvir-se e espelhar-se é saber que não estamos sós, é fortalecer nossas lutas em cada território, é renovar nossas energias junto com outras mulheres, é senti-pensarmos juntas, chorando, dançando e cantando ao som da matraca e do pandeiro. É nos encontrarmos trocando e espalhando as sementes que nascem de nós mesmos. Construir espaços seguros para nós. Nos ouvirmos, nos abraçarmos, nos olharmos, é resistir.