Claudia Regina Avelar, ou simplesmente Regina, como é conhecida por todos, é a quinta filha de Leonardo Martins dos Santos – o mestre Leonardo, fundador do Boi da Liberdade (também chamado Boi de Leonardo), sotaque de zabumba.
Em uma conversa descontraída e bem receptiva, Regina nos contou um pouco sua história com o boi que é uma herança familiar. Hoje, dirigente do grupo, Regina nunca se viu nessa função, por muito tempo esteve longe da brincadeira e só se envolveu quando a saúde de seu pai ficou debilitada.
Nascida em Cururupu, desde a infância Regina teve uma base de cultura popular forte na família, mas decidiu seguir seu próprio caminho. Com formação na área de saúde, foi trabalhar no Rio de Janeiro e só em 1996 retornou a São Luís, por um chamado de seu pai.
Aos poucos, Regina foi introduzida no dia a dia da administração de um grupo de bumba meu boi. De início, não foi bem recebida pelos mais velhos, tanto por ser mulher como por nunca ter brincado o boi.
O mestre Leonardo, porém, apostou as fichas na filha recém-chegada e passou para ela a gestão do grupo, quando não podia mais comandar o boi.
À frente do boi por 40 anos, Mestre Leonardo faleceu em 2004, ano em que Regina assumiu oficialmente a direção da associação junina que congrega não só o boi da Liberdade como também o tambor de crioula de Mestre Leonardo.
Regina enfrentou críticas e rejeição, principalmente, dos homens mais velhos brincantes do grupo, por ocupar um lugar tradicionalmente “masculino”. Desavenças já superadas porque Regina decidiu combater as críticas com trabalho, mantendo viva a tradição do boi de zabumba em diálogo com as referências e influências que ela traz de outros campos.
Há mais de 20 anos no comando do Boi da Liberdade, com cerca de 120 brincantes, Regina cuida da memória do pai e constrói seu próprio legado ao imprimir sua personalidade na gestão do grupo folclórico.